A1, A2 OU A3. O QUE É ISSO?
A1, A2 OU A3. O QUE É ISSO?
Entenda o que estas siglas tão presentes em treinamentos significam
por Alberto Klar
A grande maioria das academias do país tem essa linguagem. Já na primeira aula do novo aluno, os professores citam: “hoje o treino é A2”. Mas a realidade é que muitos clientes e profissionais têm dúvidas: por que a nomenclatura A1, A2, A3?
Tudo começou no final do século passado e início deste, quando uma comissão de técnicos da Confederação Brasileira de Desportes Aquáticos – CBDA, a fim de unificar os sistemas, resolveu utilizar uma só variável para que todos pudessem falar a mesma linguagem quando estivessem em congressos ou encontros profissionais. Para isso, foram utilizadas as letras “A” para definir sistema aeróbio ou aeróbico e “AN” para sistema anaeróbio ou anaeróbico, que pode ser lático (produção grande de acidose através de repetições pequenas com intensidade alta e grandes intervalos) ou alático (produção reduzida de acidose normalmente encontrada nos tiros rápidos de 12,5 a 25 metros).
A aprovação de uma forma única de se falar em todo o país foi imediatamente aceita pela comunidade aquática e difundida entre todos os locais onde se pratica natação de performance. Muitas escolas e academias de natação a incluem nos programas, horários para condicionamento e treinamento aquático. Principalmente neste último, que tem atraído muitos alunos com objetivos variados:
- Melhora da capacidade funcional (aeróbia, % da massa gorda, % da massa magra, aumento dos capilares, etc.)
- Melhora da tonicidade dos músculos que envolvem as vias respiratórias
- Melhora da tonicidade dos músculos em geral
- Motivação através do prazer pelos exercícios aquáticos
- Participação em eventos internos ou externos ou condicionamento para outros esportes, tais como surf, triatlo, entre outros
- Integração com outras atividades da escola ou academia
FONTES ENERGÉTICAS
Os músculos possuem fontes energéticas oriundas de duas vias: aeróbia ou anaeróbia. A energia aeróbia tem como fonte principal o oxigênio presente no ar que respiramos. A energia vem da cadeia alimentar que poderá ser alática – quando a predominância é obtida através do ATP-CP -, e lática – quando predomina o glicogênio muscular. Dependendo do volume e da intensidade, as fontes energéticas poderão ser prioritariamente aeróbia, anaeróbia ou mista, pois iniciam suas atividades ao mesmo tempo, variando de acordo com a intensidade.
Para explicar melhor aeróbios, apresentarei uma formatação viável para utilização em qualquer ambiente aquático.
Sistema | Metabolismo | Frequência Cardíaca | Objetivo | Intensidade | % do volume do treino |
A0 | Oxidativo | Até 120 bpm | Aquecimento\regenerativo | Baixa | 5% a 20% |
Exemplo:
Volume do treino: 3.000 metros
Sistema: A0
% do volume do treino: 5% a 20% = 150 a 600 metros
Íem a ser realizado: 150 nadando sem parar
600 metros (300 crawl + 100 medley + 100 costas + 100 peito)
Obs: Este percentual deve ser utilizado separadamente tanto para aquecimento como para regenerativos, que poderão ser usados tanto no final do treino como entre as séries com alguma intensidade
Sistema | Metabolismo | Frequência Cardíaca | Objetivo | Intensidade | % do volume do treino |
A1 | Oxidativo | 121 a 140 bpm | Manutenção | Baixa | 50% |
Exemplo:
Volume do treino: 3.000 metros
Sistema: A1
% do volume do treino: 50% = 1.500 metros
Série a ser realizada: 15 x 100 c\15”
Obs: Os trabalhos aeróbios são menos intensos que os anaeróbios. Para aprendizado de forma pedagógica, orientamos que deve haver descansos abaixo de 60 segundos para cada repetição. Quanto mais intenso o sistema, mais descanso necessitará. Nesse caso, o A1 é o menos intenso e, por consequência, o intervalo será menor do que o A2 e o A3.
Sistema | Metabolismo | Frequência Cardíaca | Objetivo | Intensidade | % do volume do treino |
A2 | Oxidativo | 141 a 160 bpm | Aquisição de resistência | Média | 40% |
Exemplo:
Volume do treino: 3.000 metros
Sistema: A2
% do volume do treino: 50% = 1.200 metros
Série a ser realizada: 12 x 100 c\30”
Sistema | Metabolismo | Frequência Cardíaca | Objetivo | Intensidade | % do volume do treino |
A3 | Misto oxidativo\glicolítico | 161 a 180 bpm | Potência aeróbia | Alta | 30% |
Exemplo:
Volume do treino: 3.000 metros
Sistema: A3
% do volume do treino: 30% = 900 metros
Série a ser realizada: 12 x 100 c\45”
Obs: Os exemplos apenas são uma forma de entendimento, mas podem ser realizados com variações tanto das metragens das repetições como da forma como são apresentados. Podemos tanto utilizar a forma plana como apresentado – com a metragem dividida igualmente nas repetições – como variar as distâncias, mantendo o sistema e os intervalos.
Exemplos:
A1 | 10x | 100 c\15” 50 c\15” total: 1500 metros |
A2 | 4x | 200 c\30” 100 c\30” total: 1200 metros |
A3 | 3x | 100 c\45” 4 x 50 c\45” total: 900 metros |
A intensidade está somente relacionada ao batimento cardíaco ou também à idade?
Resposta: Sim, existem variações entre as idades. O mais indicado para os profissionais é subtrair o índice 220 menos a idade e o valor encontrado colocar 60% a 70% para o A1, 70% a 80% para o A2 e 80% a 90% para o A3 em média. Vale ressaltar que a intensidade pode ser praticada também com acessórios sem perder o objetivo de cada sistema (prancha, palmar, flutuador, nadadeira etc.).
E aí? Vamos treinar?
Referência: KLAR, ALBERTO; LIMA, WILLIAM. Atividades Aquáticas, Pedagogia Universitária volume 04. 2ª edição revisada. Literativa. São Paulo, 2005
Alberto Klar
Professor de Educação Física da UniFMU e Técnico de Natação
0 Comments