Aprendizagem e Aperfeiçoamento – Parte I

por Rodrigo Bardi

A virada olímpica é um dos fundamentos básicos para prática da natação em piscina. O movimento representa ganho de velocidade, não importando o nível de performance do atleta. Tanto na fase de aprendizagem quanto na de aperfeiçoamento, o nadador visa aprimorar a técnica de virada, mesmo que seja um desafio em médio prazo.

A virada olímpica pode ser descrita como parte da natação moderna. Johnny Weissmuller, considerado por muitos especialistas como o melhor nadador de crawl da história, foi primeiro homem a nadar os 100m livre abaixo  de 1 minuto e alcançou a proeza sem realizar a cambalhota (década de 20). Naquela época, era realizado o toque de mãos na parede e volta por cima d’água. Somente em 1956, nos Jogos Olímpicos em Melbourne, foi vista a realização da virada olímpica, deixando mais rápidas as mudanças de direção ao fim de cada piscina nadada.

Esta matéria está dividida em duas edições e, nesta primeira metade, abordamos o aprendizado e os requisitos primordiais para se executar uma boa virada com destaque para: respiração, movimento da cambalhota aquática e streamline.

1. RESPIRAÇÃO

Se for um nadador iniciante e não souber nem tentou fazer uma virada olímpica, será necessário já ter aperfeiçoado o fundamento da respiração, que tem extrema importância nessa fase inicial de aprendizado e desenvolvimento.  Inspire o ar pela boca, bloqueie o ar e solte-o pelo nariz. Na virada, precisa-se soltar pelo nariz mesmo, para que ajude a bloquear entrada de água.

2. CAMBALHOTA AQUÁTICA

Aqui será nosso grande triunfo. Você, nadador, ao aprender a fazer esse giro na água, se sentirá de forma mais confortável, evitando assim que a água possa entrar pelo nariz. Já teremos então 50% de nosso fundamento. Aprender esse giro é muito importante para que o atleta realize a base do movimento, a cambalhota aquática. Nós a aprendemos pelo todo, ou seja, é um giro que se faz de uma vez só, pois estamos falando apenas de aprender a dar uma cambalhota. Já a virada olímpica, sim, é dividida em partes.

3. STREAMLINE (ALINHAMENTO DO CORPO)

Movimento de alinhamento do corpo com impulso feito sempre depois da saída de borda, é o arremate final da virada olímpica. Ao finalizar o giro, termina-se em posição para iniciar o streamline, que será a saída da virada olímpica fazendo que o nadador ganhe aceleração para iniciar o nado.

Já a virada olímpica inclui três fases:

1. “Entrar na Virada” – quando faltam cerca de poucos metros até chegar a parede (cerca de três ou quatro metros) e o nadador já pensa nas últimas braçadas para sincronizar com o giro
2. “O Giro” – a cambalhota. Quanto maior a velocidade que o nadador vier da fase 1, maior facilidade e velocidade terá para executar o giro
3. ”Saída da Virada” – aqui se prepara boa impulsão na borda, entrando no streamline seguindo de ondulações submersas

Vamos às cambalhotas:

As mãos são importantíssimas para se treinar cambalhota aquática.

1. Vindo do nado, a última braçada deve ser realizada a pouco mais de um braço de distância, deixando assim espaço para o giro
2. O corpo deve estar em decúbito ventral (barriga para baixo)
3. As mãos ficam sempre ao lado do corpo e também deve-se voltar a palma das mãos para o fundo da piscina
4. Na sequência, gerar os impulsos: deitado na água, flexione ligeiramente os joelhos para chutar com as pernas juntas e gerar o impulso inicial
5. As mãos complementam esse impulso, fazendo um movimento de compensação e estabilização da virada (estabiliza porque esse movimento não deixa que, ao fim do giro, tronco e cabeça desçam para o fundo da piscina)

Os três maiores erros cometidos por iniciantes são:

1. Iniciar o movimento de cambalhotas com as mãos ao longo do corpo (estendidas à frente), puxando água de frente para traz, ficando assim sem o apoio das mãos no giro
2. Começar a soltar o ar antes do giro e de forma descontrolada, diminuindo assim o oxigênio para o giro e saída da virada em streamline
3. Voltar a barriga para baixo antes de sair da borda ao terminar o giro. (O giro deve terminar com o corpo lateralmente e, dessa forma, já impulsionar as paredes. Assim, durante o deslize, realiza-se a volta do corpo em decúbito ventral com barriga virada para baixo)

É evidente que, ao iniciar o aprendizado desse fundamento, alguns elementos são conseguidos de forma mais fácil e outros apresentam maior dificuldade para o nadador que esteja desenvolvendo a virada. Há algumas sugestões de exercícios educativos que podem ajudar. Confira abaixo:

EDUCATIVO 1. CAMBALHOTA COM AQUATUB

Coloque um aquatub (popularmente conhecido como espaguete) na linha da cintura. Com as mãos voltadas para fora, segure-o e faça o movimento de girar. O aquatub oferecerá apoio às mãos no momento do giro, simulando o que fazer, e apoio na água com as palmas das mãos.

Modo de Execução: Debruçar sobre o aquatub segurando com as mãos voltadas para o chão da piscina. Faça um chute com as duas pernas (simulando o chute da perna borboleta); isso vai impulsionar o início do giro. Caso necessite de impulso maior, pode iniciar o movimento de pé (se a piscina for rasa), gerando mais impulso para girar.

EDUCATIVO 2.  CAMBALHOTA APOIO NA RAIA

Esse mesmo exercício pode ser realizado nas raias da piscina. A raia, nesse caso, oferece resistência maior que o aquatub. Use os mesmos movimentos descritos no educativo 1.

EDUCATIVO 3. CAMBALHOTA OPOSTA A PAREDE

O objetivo é trabalhar a velocidade do giro. Deve-se impulsionar a parede da borda, deslizando com a cabeça na água e os braços estendidos à frente na posição stremline. Deixe o corpo deslizar por cerca de quatro metros e, após isso, faça uma puxada simultânea com os dois braços, posicionando as palmas das mãos para baixo e inicie o giro.

E lembre-se, o grande segredo para girar é flexionar levemente os joelhos para fazer um chute, gerando impulso inicial do giro.

Na próxima matéria, vamos mostrar aqui na SWIM CHANNEL como aperfeiçoar o movimento da virada olímpica. Até lá!

Rodrigo Bardi

Técnico e proprietário da Bardi Swim & Training