FLUTUABILIDADE E IMOBILIZAÇÃO

FLUTUABILIDADE E IMOBILIZAÇÃO

FLUTUABILIDADE E IMOBILIZAÇÃO

Abordaremos a função de um dos materiais – talvez o mais antigo – que auxilia a prática natatória: a prancha

por Marcelo Tomazini

A prancha tornou-se acessório de praticantes de natação desde os primórdios da atividade. As primeiras eram feitas de madeira, extremamente grandes e sem todo acabamento anatômico que têm hoje. Com o passar do tempo, o formato e principalmente o material foi sendo substituído, oferecendo as duas principais funções com maior eficácia: flutuabilidade e imobilização.

Desde aprendizagem até natação de alto nível, sabe-se que o trabalho propulsivo de pernas – a iniciação e especialmente o desenvolvimento – deve-se muito ao auxílio da prancha, pois proporciona imobilização dos braços e flutuabilidade, fazendo que os membros inferiores sejam isolados, fortalecidos e desenvolvidos de forma eficiente.

Com os anos, a prancha foi se transformando de acordo com o desenvolvimento da natação. Como dissemos no início do texto, as primeiras eram feitas de madeira, duras, com tamanhos diferenciados, às vezes até exagerados, e sem acabamento hidrodinâmico. Depois, passaram a ser fabricadas em isopor, material extremamente flutuável, mas muito frágil, quebrando-se facilmente e tornando o acessório muitas vezes descartável.

Depois, tenta-se o plástico por causa da durabilidade. Mas, e quanto à flutuabilidade? Quem de nós não se lembra de quando uma dessas pranchas furava e se enchia de água? O plástico não durou muito tempo e logo a borracha EVA – Etileno Vinil Acetato – começou a ganhar mercado. Tornou-se o material mais empregado no acessório graças à flutuabilidade, facilidade de manuseio, flexibilidade e durabilidade, preenchendo com qualidade todos os requisitos básicos de vida útil.

MÚLTIPLAS FUNÇÕES

Além do isolamento de membros superiores, a prancha também serve de auxílio para diversas atividades aquáticas, dependendo da forma. Podemos notar isso nas aulas de hidroginástica, pois, usada em posições diferenciadas, causa grande resistência propulsiva. No processo de iniciação da natação, muitos professores utilizam a prancha como material recreativo e educativo, principalmente na aprendizagem por parte da criança, quando servirá de apoio para vários exercícios e aperfeiçoamento gestual de diversos movimentos necessários nessa fase.

O uso da prancha nas atividades de treinamento tem a função principal de imobilizar os membros superiores do praticante e intensificar o trabalho de pernas, evitando que o atleta se locomova com alguma tração “extra”.

De acordo com o nível do praticante, deve-se apresentar material compatível com o nível de natação. Por isso, atualmente há pranchas de diversos tamanhos e pegadas, possibilitando a cada nadador que mantenha o corpo o mais horizontal e em streamline possível quando em trabalho propulsivo de pernas. Isto se dá porque, quanto maior a prancha, maior a parte superior do corpo que ficará flutuando. Tendo-se que o corpo possui centro de gravidade inversamente proporcional, o que “sobe” na frente “desce” atrás; o nadador às vezes acaba realizando trabalhos propulsivos de pernas com estas extremamente submersas e o corpo na posição diagonal.

Por isso, devemos ficar atentos ao material utilizado, sabendo se este está atingindo o objetivo proposto com eficiência, sem prejudicar a técnica e principalmente o desempenho.

Sendo assim, do material mais antigo e simples, a prancha deve ser bem escolhida. Quem pode auxiliar na escolha é o próprio técnico, pois conseguirá avaliar o nível do praticante, fornecendo todas as informações necessárias para aquisição.

Já dizia Michael Lohberg, seis vezes técnico olímpico: “Eu conheço um bom nadador pelo material que ele utiliza”.

Marcelo Tomazini

Técnico de natação

Conteúdo originalmente publicado na Swim Channel

 

0 Comments

Leave Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *