Entenda por que a ondulação é cada vez mais importante para o rendimento dos nadadores dentro d’água

por Marco Veiga

Nos últimos anos, convencionou-se internacionalmente usar a expressão “quinto nado”, que se refere aos fundamentos de saídas e viradas com aproveitamento de até os quinze metros nas provas de crawl, costas e borboleta, executados principalmente por nadadores que despontam na elite da natação. O quinto nado é a ondulação submersa. Numa piscina de 25 metros, isto equivale a 60% do total nadado. Quando a ondulação submersa é eficiente, faz muita diferença, principalmente nas provas mais rápidas.

O treinamento desses fundamentos tornou-se um dos pontos principais no planejamento de grandes técnicos. Para se ter ondulação submersa eficiente, precisamos ter musculaturas abdominal e lombar fortalecidas para estabilizar o tronco – tronco firme – no momento da execução das pernadas submersas. Dessa maneira, poderemos fazer um percurso submerso de forma linear, numa posição o mais hidrodinâmica possível. Outro detalhe importante é como posicionar o corpo nesse deslocamento subaquático, pois a posição hidrodinâmica é fundamental para melhorar a eficiência. Portanto, para obtermos melhora significativa na performance, necessitamos:

– encaixar a cabeça entre os braços esticados

– posicionar os braços ao lado das orelhas

– deixar o corpo em posição de streamline – corpo estendido em linha

– manter o abdômen contraído, firmando o tórax e o quadril para transferir a força da musculatura dos quadríceps para o peito dos pés, esticando as pernas e retornando-as para cima com a contração da musculatura dos glúteos. E assim sucessivamente

Dessa forma, lograremos deslocamento mais produtivo e eficaz com boa amplitude de pernas e excelente desempenho. Para tanto, é necessário que na preparação física incrementemos alguns exercícios específicos para melhora da força das musculaturas envolvidas nesse fundamento. Quando conseguimos atingir esse objetivo fora d’água, transferimos essa melhora de força para dentro dela de forma específica, trabalhando o quinto nado de diversas formas e maneiras:

– Executando impulsões verticais em piscinas com maior profundidade, partindo do fundo. No ponto mais alto dessa impulsão, executam-se pernadas de borboleta em posição de streamline

– Executando pernadas de borboleta na posição vertical, com ou sem lastro

– Na posição de costas ou na posição lateral, ambas as posições tanto no submerso quanto na superfície da água

– Utilizando implementos de sobrecarga, como paraquedas de diferentes dimensões, levantando pesos – power rack – , esticando elásticos, sempre em distâncias curtas de 12,5m a 50m, preferencialmente no submerso.

Com o avanço da tecnologia dos diversos implementos utilizados na natação ao longo destes anos, não poderíamos deixar de mencionar a utilização dos pés-de-pato, pois são essenciais na prática para desenvolvimento de fundamentos tão importantes na performance de um nadador de qualquer nível, desde os iniciantes até os de alto rendimento.

Marco A. A. Veiga

Técnico da Seleção Brasileira nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008

Conteúdo originalmente publicado na Swim Channel