OS SETE OCEANOS

OS SETE OCEANOS

OS SETE OCEANOS

24Os sete maiores desafios da natação em águas abertas em todo o globo terrestre

Por Patrick Winkler e Steven Munatones

O esporte evidencia diversas características no ser humano e uma das maiores é a busca por novos desafios. A Open Water SwimmingOWS, ou Associação Mundial de Águas Abertas em português, visa cada vez mais contribuir para crescimento e divulgação da modalidade esportiva em questão.

Numa das mais importantes pesquisas realizadas com nadadores de águas abertas, constatou-se o fato de que a maior taxa de crescimento da modalidade encontra-se entre homens e mulheres acima dos 40 anos de idade. De certa maneira, atletas acima dessa idade têm mais estabilidade financeira e, por consequência, mais estrutura para se lançar a novos desafios.

O Canal de Mancha é internacionalmente famoso e não somente entre nadadores, mas para qualquer pessoa que tenha um mínimo de interesse por assuntos esportivos. Mas a famosa travessia entre Inglaterra e França está longe de ser o único grande desafio em águas abertas. A OWS resolveu unificar as principais travessias do mundo ao criar o maravilhoso projeto “Os Sete Oceanos”, em inglês Ocean Seven. Esta ação tem como objetivo a conclusão de sete das mais difíceis travessias de todo o planeta.

Para quem conhece um pouco de mitologia, “sete oceanos” lembra a antiga fábula dos “sete mares”, que apresenta duas versões. Uma é Árabe/Europeia e refere os mares Adriático, Arábico, Cáspio, Mediterrâneo, Negro, Vermelho e o Golfo Pérsico. Há também a versão global que menciona o Atlântico Norte, Atlântico Sul, Pacífico Norte, Pacifico Sul, Indico, Ártico e Antártico.

Mas dentro do universo da natação, o projeto Sete Oceanos apresenta as seguintes travessias:

 

Canal do Norte (North Channel), Europa

O trecho de águas abertas entre a Irlanda e a Escócia, também chamado de Canal da Irlanda, é um dos desafios que mais crescem entre os nadadores, principalmente europeus. Ao todo, são 33,7 mil metros em linha reta entre a cidade de County Antrim na Irlanda do Norte até Mull of Galloway na Escócia. A temperatura é uma das mais gélidas do planeta e, no verão, varia entre 10ºC a no máximo 14ºC. O primeiro nadador a completar o desafio com sucesso foi Tom Blower, da Inglaterra, em 1947. O recorde do trecho pertence à americana Michelle Macy, com 9 horas e 34 minutos.

 

Estreito de Cook (Cook Strait), Oceania

Não são só as gélidas águas do sul do Pacífico, abaixo dos 15ºC, os maiores desafios dessa incrível travessia, que separa as Ilhas do Sul e do Norte da Nova Zelândia. Primeiramente, é difícil encontrar águas calmas nessa região e, segundo, porque é um trecho com riquíssima fauna marinha, com destaque para grande quantidade de tubarões. Ao todo, o percurso é de 26 mil metros. O primeiro nadador a completar a travessia foi o neozelandês Barry Devonport, em 1962, e o recorde pertence ao seu compatriota, Casey Glover, com 4 horas e 37 minutos conseguido em 2008.

 

Canal de Molokai (Molokai Channel), América do Norte

A principal dificuldade deste trecho de águas abertas, entre as Ilhas O’ahu e Molokai no Hawaii, é a distância: simplesmente 42 quilômetros. Se completar uma maratona de corrida já é algo para poucos, imagine a mesma distância sendo executada por nadadores? Outra curiosidade é a profundidade do canal: mais de 700 metros. O Canal de Molokai também tem tradição para atletas de Canoa Havaiana e Stand Up Paddle. Existe uma controversa forte sobre o primeiro nadador a ter completado o percurso. Segundo a associação do canal havaiano, o primeiro a concluir o trecho foi Keo Nakama em 1961. Entretanto, muitos havaianos afirmam que o pescador Willian Pai realizou a travessia no longínquo ano de 1939, mas ele começou a nadar 50 jardas depois da arrebentação. A regra (que na época nem existia) exige que o atleta comece a nadar no início da praia. O recorde do trecho pertence à australiana Penny Palfrey com 12 horas e sete minutos.

 

Canal da Mancha (English Channel), Europa

Indiscutivelmente, esse é o trecho de águas abertas mais famoso do mundo. Com 33 quilômetros, separando a cidade inglesa de Dover da cidade francesa de Calais, as gélidas temperaturas da água (cerca de 15ºC) e a tradição centenária que contribuem culturalmente para a realização da travessia. O capitão Matthew Webb da Inglaterra foi o primeiro nadador a completar o percurso em 1875, com 21 horas e 45 minutos. Na época, o percurso foi realizado em ziguezague e estima-se que ele tenha nadado por volta de 60 quilômetros. Outra curiosidade é sobre a alimentação: comeu pedaços de peito e coxa de frango e tomou goles de uísque para manter-se aquecido.

Na época, os nadadores europeus nadavam o estilo peito (the classic breaststroke) e muitos nem sequer conheciam estilo crawl (que nasceu na Polinésia e na Austrália), ou seja, o bravo Capitão Matthew Web atravessou o temível Canal da Mancha nadando no estilo peito e somente 36 anos depois outro nadador conseguiu completar o percurso. A procura pelo Canal da Mancha é tão grande que a inscrição, no caso reservar um barco, precisa ser realizada com mais de um ano de antecedência. O fortíssimo recorde mundial do canal pertence ao australiano Trent Grimsey com 6 horas e 55 minutos.

 

Canal da Catalina (Catalina Channel), América do Norte

Esse é um dos desafios mais famosos dos Estados Unidos com 36 quilômetros de percurso entre a Ilha de Santa Catalina e o sul do estado da Califórnia. Embora o desafio seja extremo, levando em conta que o mar californiano tem variações de correntes muito rápidas e fortes ondulações, a travessia já teve mais de 250 nadadores que completaram o percurso, a maioria de americanos. A Associação do canal é uma das mais bem organizadas do mundo e um exemplo a ser seguido pelas demais. O primeiro nadador a completar o percurso foi o canadense George Young em 1927, que na época tinha apenas 17 anos e ganhou US$ 25 mil pela travessia. Já o recorde do trecho pertence à americana Penny Lee Dean, que em 1976 fez o percurso em 7 horas e 15 minutos.

 

Canal de Tsugaru (Tsugaru Channel), Ásia

Também conhecido pelos japoneses como Estreito de Tsugaru, é o desafio mais famoso do continente asiático. O trecho de vinte quilômetros fica entre o norte de Honshu (principal ilha do Japão) e o sul de Hokkaido. A travessia localiza-se no norte do território japonês e precisamente une o mar do Japão ao Oceano Pacífico. O percurso de águas abertas passa por cima do famoso túnel de Seikan, o segundo mais longo túnel ferroviário do mundo. Embora o território seja asiático, o primeiro nadador a completar a travessia foi o americano David Yudovin em 1990. O recordista do trecho é um dos autores dessa matéria, o americano Steven Munatones, com 6 horas e 11 minutos.

 

Estreito de Gibraltar (Strait of Gibraltar), Europa/África

É o segundo trecho de águas abertas mais famoso do mundo, atrás somente do Canal da Mancha. A travessia é o menor ponto entre o continente europeu e o africano, mais precisamente entre as cidades de Punta Oliveiros na Espanha e Punta Cires no Marrocos. O local tem história e de acordo com a mitologia grega, foi Hércules quem separou os dois continentes usando sua força de semideus. A distância de 15 quilômetros não é a maior dificuldade da travessia e, sim, a fortíssima corrente lateral. Dependendo da intensidade da corrente, o nadador é empurrado para fora do território de Marrocos e, em muitos casos, é aconselhado a desistir. Num crescimento impressionantemente veloz, assim como no Canal da Mancha, a inscrição precisa ser realizada com mais de um ano de antecedência. Muito à frente dos costumes da época, a inglesa Mercedes Gleitze foi a primeira pessoa a atravessar a nado o Estreito de Gibraltar no ano de 1900. O recorde do trecho pertence ao grego Georgios Charcharis com 2 horas e 16 minutos.

Ao todo, somente três nadadores conseguiram completar todas as travessias do Ocean Seven: Stephen Redmond da Irlanda, Anna Carin Nordin da Suécia e Michelle Macy dos Estados Unidos. Especificamente sobre a união do projeto dos Sete Oceanos, dois nadadores completaram seis travessias, três completaram cinco, dez completaram quatro, 17 completaram três e 74 completaram duas travessias.

As associações de cada prova são muito bem estruturadas, demonstrando rigidez com as regras do percurso, com as documentações necessárias, com as condições físicas dos nadadores e principalmente com a segurança.

Agora, amigo leitor, você já tem as informações mais importantes sobre os Setes Oceanos da natação em águas abertas, Quando pretende se aventurar num desses trechos?

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